A
tecnologia é so um dos problemas 10.08.2006
A aposta da Vivo em uma nova rede não será suficiente para que a empresa saia do prejuízo
Por Camila Guimarães
exame
A Vivo nasceu em 2003 como a maior operadora de telefonia celular do Brasil. Imbatível. Na época, metade das ligações feitas por celulares no país era completada pela operadora. Sua base de clientes crescia a uma velocidade acachapante: apenas no primeiro ano de atividade, o número de usuários aumentou 30%. É evidente que a festa não duraria para sempre. Mas, com essa musculatura, a Vivo, formada pela associação da Telefónica Móviles, da Espanha, com a Portugal Telecom, parecia ter condições de resistir mais facilmente aos avanços da concorrência e aos eventuais solavancos do setor. Na prática, não foi o que aconteceu. No primeiro semestre deste ano, sua participação de mercado caiu ao nível mais baixo de sua história, 31%, e o prejuízo acumulado no período alcançou 672 milhões de reais -- 78% maior que nos primeiros seis meses de 2005. Esses resultados acabaram afetando o valor dos papéis da operadora. Segundo dados do banco BES, o preço das ações da Vivo caiu 39% de janeiro a julho deste ano -- muito mais que os 13% de queda média do setor. Em julho, o executivo Roberto Lima, presidente da Vivo, anunciou o remédio para os males da empresa: a adoção de outra tecnologia de celular, o chamado GSM (que passará a conviver com a tecnologia atual, o CDMA). A má notícia é que, embora necessária, a migração não será capaz de resolver -- sozinha -- todas as dificuldades da operadora. "A Vivo tem um conjunto de problemas que não têm nada a ver com a tecnologia", afirma Carlos Sequeira, analista de telefonia celular do banco de investimentos UBS.
O primeiro -- e talvez mais antigo deles -- é o peso da estrutura de custos da empresa. A Vivo surgiu da união de sete operadoras de celular distintas, que funcionavam com sistemas totalmente diferentes. Isso significa que áreas como faturamento, compras e vendas falavam os próprios dialetos. O processo de unificação desses sistemas só foi colocado em prática há um ano, quando Lima assumiu o comando da empresa. Com a mudança, vieram os contratempos: muitas contas telefônicas deixaram de ser emitidas e outra parte foi impressa com valores incorretos. Só no primeiro semestre deste ano a empresa deixou de receber mais de 160 milhões de reais. Hoje, 78% dos 28 milhões de usuários da Vivo estão alojados num sistema único. Lima espera migrar o restante da base até o início de 2007, mas nada garante que os contratempos do passado não aconteçam novamente. "Os problemas são técnicos e imprevisíveis", diz Lima.
Té mais.
# postado por Danilo Mota : 12/19/2006