sexta-feira, janeiro 15

Tive a coragem de criticar o twitter!

O Twitter atende a qual interesse?


As vezes eu fico me perguntando sobre os produtos de consumo rápido que somos capazes de fabricar. Uma desses produtos foi o Second Life, ambiente virtual que era tratado como o novo ‘must’ da internet. Felizmente o SL não passou de uma tempestade de verão. Mas o que mais me chamou atenção no SL foi a ênfase dada a ele pela imprensa especializada, como a Revistas de informática e até os grandes portais de conteúdo, que levaram internautas a investir tempo e até dinheiro no Second Life, que logo perdeu a graça. Ao que me parece, agora surgiu novo bode expiatório chamado Twitter. 
Pesquisei na net e encontrei algumas críticas a esse site - poucas é verdade. Daí eu me recordei de uma frase do dramaturgo português José Saramago quando disse: "Os tais 140 caracteres reflectem algo que já conhecíamos: a tendência para o monossílabo como forma de comunicação. De degrau em degrau, vamos descendo até o grunhido. Entretanto, o propósito do Twitter não é literário, mas informativo." Veja link: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2009/07/26/jose-saramago-fala-sobre-twitter-lula-seu-novo-livro-208101.asp. Fiquei impressionado com a precisão de Saramago com uma questão que há tempos venho refletindo: as pessoas estão perdendo ou deixando de lado a capacidade de perguntar, refletir e criticar - principalmente oferecendo o ‘outro lado’ da história.
Podemos pensar que isso tudo faz sentido quando vemos que quase ninguém se atreve a pesquisar e criticar os produtos de consumo rápido por medo de serem criticados a altura. Mas quem já viu um mendingo ser criticado? Na grande maioria das vezes, pessoas ‘bem sucedidas’ é que são criticadas.

Mas enfim, onde eu quero chegar? Na simples hipótese de que se o Twitter não der certo, o que dirão os meios de mídia? Como no caso do SL que acompanhei, certamente não dirão quase nada. Afinal, os meios de mídia no Brasil nos dão a grande impressão de que estão todos comprados. Duvida? Então por que a TV brasileira não consegue produzir documentários investigativos? Os poucos documentários são comprados da BBC ou da National Geographic etc.

Mas vamos lá. Recentemente um dos criadores do Twitter, Biz Stone esteve no Brasil e foi questionado por alguns jornalistas sobre como (http://www.mmonline.com.br/noticias.mm?url=Twitter_e_rede_de_informacao ). A reportagem do Meio e Mensagem dá conta de que “Stone salientou que o Twitter não se trata de um triunfo da tecnologia, e sim da humanidade”. Achei a temática um pouco exagerada, assim como todas as afirmações que jornalistas fazem na internet há anos. Eu mesmo vivi algumas delas, como “As máquinas de escrever morrerão...” ou as “máquinas de fax morrerão” etc e tal.

Pessoas, num mundo globalizado o que temos de ser menos é deterministas. A chave é a incerteza? então como os jornalistas têm tanta certeza? A grande questão aqui também é que os grandes fabricadores de mídia estão nos grandes centros e querem ditar tendências em todos os lugares. Aqui onde moro, por exemplo, é uma cidade pequenas. E pelo que conversei com as pessoas, a maioria delas está ainda na fase de descobrir o Orkut. Podemos imaginar que o determinismo está presente novamente quando meia dúzia de internautas ou jornalistas que defendem interesse da indústria de mídia dizem que “Todos” usarão o Twitter e que isso é a salvação da humanidade.

Tá certo. Eu também tenho um perfil no twitter. Mas ontem vi um amigo dizendo “vou excluir o meu perfil. O Twitter não serve pra nada”. Espero que as pessoas continuem usando o Twitter e a internet em geral, mas com mais reflexão e racionalidade. Afinal, não é esse o sentido do pensamento humano construído ao longo de toda a história?(sem determinismos...).
Continuarei pesquisando.

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# postado por Danilo Mota : 1/15/2010
Comentários:
Quando a moda do Twitter acabar, a imprensa não vai noticiar nada, pois outra modinha terá tomado o lugar nas manchetes. Foi assim com o ICQ, e antes dele com os chats e com os BBS, cada um substituído por algo pretensamente revolucionário.

Esse mundo da tecnologia se alimenta do transitório. Faz uma enorme espuma, mesmo sabendo a que a onda vai, tal como todas as outras, se acabar ali na areia da praia.
 
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