sexta-feira, julho 6

A pobreza está diminuindo?


Riqueza x Pobreza: qual é a lógica?

Às vezes eu fico pensando onde vai parar tanta tecnologia. Tantos recursos, tantas máquinas, tantos avanços, softwares...
Por outro lado fico em crise e questionando por que temos tantos recursos e eles na sua maioria não chegam a uma massa de pessoas.

Resolvi pesquisar o assunto. Como eu já havia lido uma reportagem de Jeffrey Sachs (renomado pesquisador amercicano na revista Scientific American, exponho aqui a questão. O Prof. Sachs fez algumas constatações quanto a pobreza:

A primeira questão é histórica, ou seja, quase todas as pessoas que viveram ao longo da história foram tremendamente pobres. Isso é histórico.

Já a partir da Revolução Industrial (1750) , novos conhecimentos científicos e inovações tecnológicas permitiram que uma proporção crescente da população global rompesse os grilhões da pobreza extrema. Ou seja, a tecnologia vem contribuindo e muito para a sobrevida das populações.

Outro detalhe importante é que um cada seis habitantes ainda luta por condições básicas de sobrevivência. Essas pessoas vivem com 1 dólar por dia ou menos, sendo ignoradas pelos serviços públicos na saúde, educação e infra-estrutura. Cada dia, mais de 20 mil morrem por falta de comida, água potável, remédios ou outras necessidades essenciais. Significa que o caminho ainda é longo.

Outra constatação do professor é que pela primeira vez na história, a prosperidade econômica global, proporcionada pelo progresso científico e tecnológico contínuo e pela acumulação auto-reforçadora de riqueza, trouxe ao mundo a perspectiva da total eliminação da pobreza extrema.
Ainda outra questão é que com investimentos governamentais em escala global, poderia-se reduzir a pobreza extrema até 2025, segundo relatório publicado pela ONU no projeto a qual o professor faz parte.

Para isso, uma nova economia, a economia clinica (aliada com ciência) está emergindo. De forma semelhante a medicina, os economistas do desenvolvimento precisam de uma melhor capacidade de diagnóstico para reconhecer que as patologias econômicas têm uma ampla variedade de causas, inclusive muitas fora do alcance da prática econômica tradicional.

Corrupção: alguns economistas argumentam que a pobreza persiste porque os governos deixam de abrir seus mercados, fornecer serviços públicos e combater a corrupção. Se esses regimes arrumassem a casa, tais países floresceriam. Os programas de ajuda para o desenvolvimento se tornaram, em grande parte, uma série de palestras sobre a boa governança.

Mas não só a governança ameaça o crescimento econômico. A geografia - incluindo recursos naturais, clima, topografia e proximidade das rotas comerciais e grandes mercados - é pelo menos tão importante quanto a boa governança. Em 1776, Adam Smith já argumentava que altos custos de transporte inibiam o desenvolvimento nas áreas do interior da África e da Ásia.

Outra questão importante é equilibrar o binômio crescimento econômico x distribuição de renda. A renda média pode aumentar, mas se ela for distribuída desigualmente, os pobres poderão pouco se beneficiar, e os bolsões de pobreza extrema persistirão (especialmente em regiões geograficamente desprovidas). Além disso, o crescimento não é um simples fenômeno de livre mercado. Ele requer serviços públicos básicos: infra-estrutura, saúde, educação e inovação científica e tecnológica. O gasto governamental, direcionado a investimentos em áreas críticas, é em si um incentivo vital ao crescimento, especialmente se seus efeitos atingirem a população mais pobre.

A África talvez seja o continente mais instável para a aplicação e redução de estratégias me minimização da pobreza. A tecnologia para superar essas desvantagens e dar partida no desenvolvimento econômico existe. Segundo estudo do professor Sachs, a malária pode ser controlada com mosquiteiros, pesticida borrifado nas casas e remédios melhores. Áreas castigadas pela seca na África, com solos pobres em nutrientes, podem se beneficiar muito da irrigação gota a gota e do maior uso de fertilizantes. Países sem acesso ao mar podem ser interligados por redes de rodovias, aeroportos e cabos de fibra óptica. Mas todos esses projetos custam dinheiro, é claro.

Somando tudo, a necessidade total de ajuda ao redor do globo é de cerca de US$ 160 bilhões (gulp!) ao ano, o dobro dos US$ 80 bilhões do orçamento atual de ajuda dos países ricos. Esta cifra representa cerca de 0,5 % do Produto Interno Bruto (PIB) combinado das nações doa-doras afluentes.Ela não inclui outros projetos humanitários, como a reconstrução do Iraque pós-guerra ou a ajuda às vítimas do tsunami no oceano Índico. Para atender também a essas necessidades, uma cifra razoável seria 0,7 % do PIB, aquela que países doadores há muito prometem sem cumprir.

Se as nações ricas deixarem de fazer esses investimentos, receberão pedidos de ajuda de emergência praticamente para sempre. Elas enfrentarão a fome, epidemias, conflitos regionais e a disseminação de refúgios terroristas. E não apenas os países pobres, mas também elas próprias estarão sendo condenadas à instabilidade política crônica, emergências humanitárias e riscos à segurança.

O debate está agora passando do diagnóstico básico da pobreza extrema e dos cálculos das necessidades financeiras para a questão prática de como prestar melhor o auxílio. Muitos acreditam que as tentativas de ajuda falharam no passado e que é preciso cuidado para evitar a repetição dos erros. Algumas preocupações são fundamentadas, mas outras são alimentadas por mal-entendidos.

Segundo o professor Jeffrey Sachs, a sociedade ocidental tende a pensar na ajuda externa como um dinheiro jogado fora. Mas, se fornecido de forma apropriada, é um investimento que um dia trará retornos enormes, à semelhança da ajuda americana à Europa ocidental e leste da Ásia após a Segunda Guerra Mundial. Ao prosperarem, os atuais países pobres não dependerão mais da eterna caridade. Eles contribuirão para o avanço internacional da ciência, tecnologia e comércio. Eles escaparão da instabilidade política, que os deixa vulneráveis à violência, tráfico de drogas, guerra civil e até à tomada do poder por terroristas. A segurança dos países ricos também aumentará. Como escreveu o secretário-geral da ONU, Kofi Annan: "Não haverá desenvolvimento sem segurança, e não haverá segurança sem desenvolvimento".

Trazendo pro lado econômico e de consumo, há algumas teorias de do Professor e consultor C.K. Prahalad que confirmam que as empresas devem investir na baixa renda e nos mercados de massa. Segundo o ele, que atua na Universidade de Michigan e é um dos maiores pensadores do mundo dos negócios da atualidade, a grande conseqüências da democratização do comércio vai ser a queda significativa do preço das mercadorias em todo o mundo. Segundo ele, em 10 anos, a redução nos EUA pode chegar a 40%! De um lado, isso vai erodir a margem de lucro das empresas. De outro, vai permitir que uma camada maior da população tenha acesso a produtos antes restritos aos segmentos mais ricos da sociedade.

A área de produtos eletrônicos é um exemplo típico dessa tendência. DVDs que custavam 500 dólares há 3 anos, hoje podem ser comprados por um décimo do valor. O mesmo acontece com os computadores, as televisões e os aparelhos de som. A grande questão nesse caso é: será que essa tendência também vai acontecer na área de serviços?

Percebe-se que a pobreza e as relações de consumo devem ser olhadas bem de perto. Começamos a verificar aqui no Brasil que não é aconselhável abrir o crédito, como fez o governo, sem preparar a população para a facilidade do dinheiro. É a aquela história de ensinar a pescar. Se os governos não educarem as pessoas para a onda de crédito farto, que é um dos motes dos economistas para a redução da pobreza, teremos uma onda de consumo mundial ainda maior, que hoje já é um problema e, que, contribui para as dificuldades das questões ambientais.

Tire suas próprias conclusões.

Danilo Mota

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# postado por Danilo Mota : 7/06/2007
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