quinta-feira, agosto 16

Há quanto tempo você não compra um CD?


Eu digo CD original, claro!

Eu me fiz essa pergunta quando estava escrevendo o meu trabalho final de curso, cujo tema é a Fragmentação das Mídias. Talvez essa pergunta também tenha surgido porque eu estava ouvindo um DVD pirata do U2, quem sabe. (essa parte não era pra eu ter falado, mas tudo bem).
Mas falando sério, em recente artigo da Revista inglesa Prospect, há algumas colocações interessantes sobre a questão da diminuição brusca do lucro das gravadoras, que afeta até as rádios devido ao não pagamento do famoso jabá. Vender CDs sempre foi um bom negócio, pois as grandes gravadoras tinham o mercado nas mãos, principalmente a EMI, Warner, Sony e Universal. Mas agora essa industria está cambaleando. As gravadoras mergulharam num processo de desfusões, demissões e outros ôes para poder sobreviver mais um tempo. Veja alguns dados:
- No primeiro trimestre de 2007, o mercado para os 200 CDs mais vendidos no Reino Unido encolheu em 20% comparado com o mesmo período em 2006. Nos EUA, as vendas de CDs em 2007 caíram 15%; na França, 25%; e no Canadá, 35%. O mercado alemão, que já foi o maior da Europa, agora não ultrapassa o da Holanda.

- Os números mais recentes dos EUA revelam que, apesar de os downloads pagos serem cada vez mais populares - subindo 75% em 2006 - o aumento na demanda está diminuindo. E enquanto o valor total das vendas de música em todos os formatos permaneceu mais ou menos estável em 2004 e 2005, caiu em mais de 6% em 2006.

- No espaço de cinco anos, os 82 milhões de alemães tornaram-se uma nação de copiadores de CDs, pagando centavos por discos que antes custavam cerca de US$ 28 (R$ 56).
Fatores favoráveis para a grande contribuição no declínio da industria fonográfica foi a pirataria on-line desencadeada pelo Napster por exemplo. Outro fator foi o compartilhamento de arquivos e logo mais a formação do mercado democrático que temos hoje capitaneada pelo iTunes, dentre outros.

Vídeos e música
Vídeos e musica sempre fizeram um bom par. Não é a toa que a MTV sempre abocanhou bons lucros. Mas agora, o mercado de Vídeo também começa sofrer ao mesmo ataque democrático que a industria de música. Com a chegada do Youtube e tantos outros sites de compartilhamento de vídeos, vários artistas anônimos estão se beneficiando com a capacidade viral da internet para se projetarem, muitas vezes, sem gravadoras. A banda de rock americana OK Go tornou-se um fenômeno de vendas. O motivo? Um vídeo caseiro, que mostrava os 4 músicos da banda dançando uma coreografia ridícula para a faixa A Million Ways. O clipe - gravado no quintal da casa de um deles - foi parar no YouTube, onde em pouco tempo foi acessado mais de 10 milhões de vezes e tornou-se o vídeo musical com maior número de visitas já registrado.
E quem dita essa audiência? O próprio usuário. Essa é a diferença entre o mercado de música antigo, que impunha um sistema e o novo mercado que depende da democrática e viral capacidade da internet de atingir várias pessoas.

Cris Anderson, autor do livro A Cauda Longa, diz enfaticamente: “Os sucessos de antigamente aconteciam muitas vezes pela falta de alternativa para o consumidor”. Agora acontece o contrário: todo mundo pode escolher o que ver, ouvir, ler, quando quiser, do jeito que bem entender. Ninguém impõe mais nada. A escolha é do freguês.

Novas tendências de mercado
A maior parte das bandas, independentemente do sucesso, agora tira seu dinheiro do trabalho ao vivo e das oportunidades de merchandising associadas a ele, em vez dos discos.
O enfoque não é na música. A música é o cardápio, que está nele incluso merchandising, entretenimento e popularidade. Veja dados:
Desde 1999, o número de ingressos vendidos para shows nos EUA subiu mais de 100%. Novos meios de distribuição de música - como ringtones para celulares ou trilhas sonoras de videogames - vêm crescendo a cada ano. Cada vez mais, os artistas percebem que não precisam das gravadoras.
Mas não pense que essa novela acabou. Ainda há o capítulo onde as gravadoras irão querer dar o troco. É crise.
Danilo

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# postado por Danilo Mota : 8/16/2007
Comentários:
Tema intrigante para viver "sempre em crise"...
Não há como deixar de preferir o original. É tudo de bom...só que graças às gravadoras, que não abrem mão do lucro excessivo, o acesso fica cada vez mais difícil ao CD original. Ah! Que saudade dos encartes com detalhes técnicos e informações sobre as bandas...
Confesso que desprendo um HH enorme tratando sobre música, principalmente com a família.Meus filhos, assim como eu, também transpiram música, rock é claro. Há relíquias musicais, confesso sem constrangimento nenhum, que só reencontrei graças a concorrência ilícita. Por sinal, gera muito mais empregos que as gravadoras (em sua maior parte multi nações).
Dia desses, num intervalo entre uma labuta e outra, garimpei em uma "banquinha", e para minha surpresa, achei um cd (coletânea rock lento), com a música "When the Smokey in Going Down" do Scorpions de 1984. Fiquei extasiado! É uma balada lenta com belos riffs de guitarra, gravada inclusive pelo System of a Dowm. Por anos procurei de todas as formas, quer seja "bolachão", cd, vhs, dvd, internet, e nada...
Isso apenas um entre tantos outros casos que comigo aconteceu. Imagino tantas histórias mais com os outros afixionados por música. Coisa que o cd ilícito proporciona. Está por demais próximo a você. Apesar da queda das vendas o preço do original não cai. Até alguns anos atrás comprávamos revistas de vários estilos musicais com cd encartado e barato. As gravadoras jogaram pesado e revistas como a Planet Metal simplesmente sumiram do mapa. Nessa crise, cantores e bandas cairam de cabeça nos shows também como alternativa, além da divulgação do cd/dvd.
Estão faturando demais.
Falando em show, o The Police está de volta. Só os 38 shows nos EUA, já rendeu a banda 107 milhões de dólares (ver mais em whiplash.net).
Voltando ao cd original...o último, ganhei em um amigo "x". E tem bastante tempo...

Abração

Renato
 
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